Luís Roberto Barroso foi indicado a ministro do STF. Nós sabemos sua linha de pensamento, sabemos a faculdade onde estudou. Sabemos sua opinião sobre o aborto, sobre o casamento gay. Sabemos as causas em que atuou, as matérias que leciona, os livros que escreveu. Não faço ideia se ele é casado, divorciado ou solteiro, se tem filhos, ou a grife do seu terno.
Se Barroso fosse mulher, o cenário provavelmente seria diferente.
Se Barroso fosse mulher, o noticiário anunciaria que ela é mãe de dois filhos e tem um netinho lindo de três anos. Se Barroso fosse mulher, apresentadoras de programas matinais questionariam seu penteado e se perguntariam porque usou terninho de calça, e não de saia. Se Barroso fosse mulher, "revistas femininas" a entrevistariam perguntando como consegue conciliar sua vida pessoal de mãe e esposa com tamanha responsabilidade jurídica. Se Barroso fosse mulher, haveria reportagens "bombásticas" sobre a plástica no nariz que fez três anos atrás, perguntariam se seu terninho é Prada ou Chanel, e olhariam a sola pra ver se seu scarpin é Louboutin. Se Barroso fosse mulher, saberíamos que ela chegou a ser Miss Sergipe na juventude, mas resolveu dedicar-se inteiramente ao Direito. Se Barroso fosse mulher, saberíamos que ela já foi casada com um famoso executivo, e teve uma filha dessa união. Se Barroso fosse mulher, saberíamos que ela não tem tempo para cozinhar, mas às vezes, num domingo especial, faz um salmão com alcaparras divino. Saberíamos que ela faz ginástica três vezes por semana, e que seu cabelo não tem nenhum segredo a não ser luzes discretas e uma hidratação semanal.
Se Barroso fosse mulher e Dilma fosse homem, talvez a cumprimentasse elogiando como ela está bonita ou este vestido lhe assenta bem, pra quebrar o gelo.
Seria assim, se Barroso fosse mulher.