sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Soprando velinhas


É com orgulho e vergonha que eu venho anunciar o aniversário do Banquinho! Orgulho porque quando eu criei este blog eu nunca imaginei que ele duraria tanto, e também porque me sinto muito realizada escrevendo aqui e principalmente vendo que algumas pessoas parecem realmente gostar dos meus posts e vêm sempre sentar para me escutar. Já a vergonha é porque na verdade o blog fez um ano há mais ou menos uma semana, e eu vergonhosamente me esqueci da data. Mas isso pode ser superado (eu acho).

Então eu decidi fazer um post especial, no qual eu pretendo fazer o que sempre faço aqui: abrir meu coraçãozinho para vocês, queridos leitores. Só que desta vez não é sobre política, nem vestibular, nem literatura, nem filosofia, nem música: é sobre mim e o blog mesmo. E, naturalmente, sobre vocês também.

Há um ano e uma semana, uma menina do segundo ano do ensino médio resolveu criar um blog para ter uma desculpa para escrever tudo o que pensava. Não, não vou contar a história em terceira pessoa porque isso é ridículo. É que a gente muda e não sei o quanto eu ainda sou a mesma. Relendo os posts do ano passado eu vi o quanto passei a escrever diferente -e, por extensão, pensar diferente- neste tempo. O Banquinho veio crescendo junto comigo.

Vou aproveitar a ocasião e explicar por que diabos o blog tem este nome. Tudo começou numa feira de cultura do meu colégio quando eu estava na oitava série. Cada aluno ou grupo de alunos faz um trabalho e apresenta, e o meu trabalho foi... um banquinho. Todo mundo chegando com suas cartolinas, maquetes, experiências e tudo o mais e eu carregando um banquinho. Pequenininho, desses de apoiar os pés. Tinha uma mesa com vários livros de poesia e do lado dela eu coloquei o banquinho e esperei. As pessoas foram chegando e eu pedia para elas subirem no banquinho e declamarem um poema, ainda que fossem apenas alguns versos. E foi um sucesso maior do que eu esperava! As pessoas olhavam, desconfiadas, se faziam de rogadas e depois subiam e liam e falavam. Depois desse trabalho, quando eu saía na rua as pessoas diziam "olha lá a menina do banquinho!" e fiquei sendo isso aí mesmo.

Manter um blog é um desafio. No post "humildade" aí embaixo eu tentei explicar que escrever não é mole. Só que é extremamente gratificante. Eu me lembro do primeiro comentário, que foi de uma pessoa que eu nem conhecia! E depois outros comentários, de outros desconhecidos, tudo tão emocionante! Só bem, bem depois foi que os meus amigos foram descobrir o blog, e pouquíssimos chegaram a comentar aqui (as colegas Dora, que virou blogueira também, e Isabela). E os desconhecidos viraram amigos, tanto os que também eram blogueiros, como o Sanger, o Fábio, a Antônia, o Orochi, a Marina, o Márcio e vários outros, quanto os não blogueiros, como a Ana (a primeira comentarista), o Rafael mais alguns.

Comecei com o blog sozinha, pensando "o que vier é lucro". E o lucro foi grande. Hoje o Banquinho tem 14 seguidores (!!!), fiz bons amigos e ainda ganhei, se não a admiração, pelo menos o respeito, de várias pessoas. Nem sei se realmente mereci isso tudo, mas se hoje estou postando neste blog há 1 ano, é pelo menos 90% graças a vocês, que são os melhores, mais educados e mais cultos leitores da blogosfera (e eu acho isso de verdade!). 10% são meus, porque o blog não se atualiza sozinho, né?

Vocês fizeram o Banquinho crescer e fizeram de mim uma vestibulanda menos neurótica, e digo até uma pessoa melhor.

Vocês são o máximo! Muito obrigada!

domingo, 20 de setembro de 2009

Augusto e eu

Quando eu conheci Augusto (e isso tem uns 4 anos), eu, de cara, já não simpatizei com ele. Hipocondríaco, bebia muito, fumava mais ainda e falava o tempo todo de morte, de vermes, desgraças em geral. Lembro-me de dizer a muitas pessoas "que cara negativista, não gosto dele, não" e até de desviar os olhos se por acaso o visse. Juro que se ele não fosse tão velho, eu diria que ele tinha umas tendências a emo.

O tempo passou e eu parei de desviar os olhos e passei a ouvir o que ele tinha a dizer. Do quanto a vida é curta, a dor é grande e os amores são cruéis. E inicialmente eu discordei de tudo. Depois, só bem depois, foi que eu vi que não precisava concordar ou não com ele: era simplesmente uma questão de reconhecer que aquela era a verdade dele e respeitá-la.

Foi aí que eu vi que Augusto mexia comigo mais do que qualquer outro. Depois das palavras dele, eu pensava por muitas horas, e várias vezes chorei. E vi o quanto a verdade dele podia ser tão verdadeira às vezes.

Alguns dizem até gostar de Augusto, mas que ele é boa companhia somente nas horas de tristeza ou desespero. Eu já acho justamente o contrário: só se deve procurá-lo nos dias de sol, quando se está absolutamente bem resolvido com a vida e os amores. Primeiro porque, apesar de compreensivo, ele não é muito consolador e apresenta algumas ideias suicidas. Segundo porque ele sempre oferece bebida e cigarros nessas ocasiões, e eu não aprecio nenhuma das duas coisas.

Então, caro leitor, no seu dia de sol quando for encontrar Augusto, é muito provável que ele diga todas as coisas de sempre. E quando ele disser que a felicidade não existe você vai sorrir, apontando para si e dizendo "existe sim, olhe aqui" e ele vai balançar a cabeça descrente e acender um cigarro. Você vai voltar para sua vida e seus amores muito mais ciente da real existência deles e vai pensar "Augusto, seu tolinho, você não sabe o que está perdendo".
Não, ele não sabe. Mas graças a ele você sabe o que está ganhando.

Augusto.
Dos Anjos.
Poeta naturalista.
Nascido em 1884.


Para quem não teve a honra de conhecê-lo ainda: http://www.releituras.com/aanjos_versos.asp
http://www.jornaldepoesia.jor.br/augusto03.html