segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Livro "miojo", livro "macarronada"

Outro dia estive conversando com uma amiga que começou a ler Gossip Girl. Isso me lembrou de uma comparação que a minha professora de português do ano passado fazia: os livros "miojo" e os "macarronada".
Imagine uma macarronada. Aquela mesmo, de domingo, que a vovó faz a massa três dias antes, deixa descansar, faz o molho, rala o queijo, tempera e serve na travessa mais bonita. Quando você come uma macarronada, ela te sacia, te preenche por completo. Não dá para comer macarronada todo dia, dá muito trabalho, mas vale a pena.
Agora imagine um miojo. 3 minutos para fazer, tempero pronto, massa pronta, tem sempre o mesmo gosto, até criança faz.
É a mesma coisa com os livros. Se quiserem exemplos para ilustrar, no cenário nacional um autor "macarronada" poderia ser o Guimarães Rosa ou a Raquel de Queirós. Autor miojo acho que todo mundo já pensou. É, ele mesmo.
No internacional o campo é mais variado. Nietzsche [agora está certo], Kafka, Saramago rendem boas macarronadas, enquando os "enlatados" americanos (aqueles, com líderes de torcida louras metidas, meninas feias que se transformam e coisas parecidas) são os cup noodles.
Mas será que é certo crucificar os leitores miojo? Será que dá pra viver só de macarronada? Cada um tem a sua opinião. Minha professora era a favor da macarronada total (desde que o aluno tivesse condição de apreciá-la como se deve). Até porque, tem gente que não dá o devido valor a um prato bem feito.
Nesse ponto divergíamos. Porque eu sempre acreditei que cada um deve ler o que quiser. Embora seja a favor do equilíbrio. Varie. Devore seu Espinosa e descanse lendo, sei lá, um Harry Potter. Detesto esse preconceito elitista contra best sellers.
"O povo só lê bobagem". Antes bobagem que morrer de fome. Este ano li desde o Diário da Princesa (o nono!) até Maquiavel, e não acho que estou entalada nem desnutrida.
O Segredo da leitura é ter lucidez suficiente para discernir, se é que me entendem.


Desculpem pelo abandono, semana de provas é sempre a mesma coisa: devaneios demais, tempo de menos (de muito menos!). Achei tão divertido misturar leitura e culinária que repeti a dose. Bon appetit!

17 comentários:

Marcio Sarge disse...

Oi anjo!

Hummmm esse assunto já me foi bastante indigesto no passado.
Costumo não categorizar livros por best sellers ou não, mas como as roupas que cada um tem seu gosto, há certos livros que nunca me agradariam, como O do Potter, por exemplo, e não tem nada haver com o fato de ele ser um livro de fantasia, alias bem pelo contrário, adoro esse tema, mas ele acho mesmo uma droga.
Em contrapartida há clássicos que não suporto, como Os Sertões.
No final é questão de gosto mesmo, o que não consigo ouvir é gente dizendo que não gosta de ler, isso é o fim~.

Beijo anjo.

Marcio Sarge disse...

Anjinho!!! Valeu pelo puxão de orelha rs.

Anônimo disse...

eu gosto dos livros miojo... na verdade, eu praticamente só leio gibis... mais miojo que isso impossível.. não precisa nem imaginar as cenas... ehuehuehueuee

mentira, eu leio alguns livros tb... mas Harry Potter eu nunca consegui nem assistir os filmes...
quem sabe um dia...
mas acho que ser contra os livros de sucesso e tals é fria total...
eu gosto de ler livros pra descansar como você disse...

Marcus "HEAVY" disse...

Bem, como na grande maioria dos casos, o equilíbrio é a melhor saída. É importante ter seus livros "macarronada" dentre seus favoritos (Machado de Assis? Yeah!), mas tb é importante (por que não?) se divertir com o "miojo".

Se o pessoal gosta do miojo, ótimo, deixa eles serem felizes (até pq best-sellers como Harry Potter e Código da Vinci ruleiam). Só não podemos enfiar a macarronada goela-abaixo deles, pode entalar. Melhor deixar que eles sintam o cheiro; se gostarem vão querer ir atrás. ^^

Laila disse...

Ah, eu gosto dos Harrys.
Márcio, nem todos os livros de fantasia são miojos. O Senhor dos Anéis é totalmente fantástico e é uma macarronada de respeito.
Também gosto muito dos gibis e mangás, esse ano li o Death Note inteiro!
Mas macarronadas são boas e eu gosto!
=)

Barbarella disse...

Olá,

gostei desse banquinho viu, posso sentar e ficar um tempinho por aqui?quero ler mais esse blog sabe...rsrs

tb ando nesses devaneios de prova atrás de prova... cruel né.

bjo moça

Anônimo disse...

"será que dá pra viver só de macarronada?" - essa é uma boa pergunta.

A macarronada dá tanto trabalho para ser preparada que eu acho que, dependendo do dia, iria dormir com fome, se dependesse só dela para me alimentar.

Agora, o que seria da vida se não pudéssemos e nem tivéssesmos a perspectiva de comermos uma macarronada um dia? - que seja só aos domingos. Acho que a vida perderia seu sentido.

Laila disse...

Quem não conhece a macarronada vai sempre achar que o miojo está muito bom, obrigado.

V.H. de A. Barbosa disse...

Oi, Laila!

Obrigado pelo comentário lá no Zaratustra tem que Morrer. De fato, se meus vestibulandos olharam bem, repararam que eu não passava de um ser humano. Mas é mais fácil ter ocorrido o contrário.

Gostei da metáfora da macarronada e do miojo. Dando uma olhada rápida (juro que leio com mais calma o blog depois) dá para perceber que você é uma daquelas pessoas que definitivamente não aparentam estar no colegial. Isso é um elogio, antes que você fique em dúvida ;P

Tenho minha quota de italianices no sangue e não nego uma boa macarronada. O miojo fica por conta da pressa, da facilidade, da vida de universitário pobre. Minhas macarronadas brasileiras são Rubem Fonseca, Machado de Assis e Graciliano Ramos (esquece Vidas Secas, leia o resto). Já entre as estrangeiras, dá para citar Milan Kundera, Umberto Eco, Kafka, Ítalo Svevo, Dostoiévski e por aí vai...

Quanto aos miojos, são tantos quanto caberem nas prateleiras. Um deles, na minha opinião, é Marcus Zuzak. Tanto blablabla em cima do nome do cara e aquela escrita medíocre. Triste

Mas tem miojos que se revelam verdadeiras macarronadas: Carlos Ruiz Zafón, Irvin D Yalom...No caso, são apenas macarronadas que têm medo de serem pratos apetitosos e se trajam como pacotinhos de miojo. Um dia se tocam.

Acho que falei demais (isso é raro), então, até a próxima! E sempre que puder comenta lá no ZtqM =]

Beijos

V.H. de A. Barbosa disse...

Ah, antes que eu me esqueça: é NietZsche

Isadora disse...

uau!!
estou ficando famosa!! fui citada indiretamente no banquinho!

quem leu gossip girl aqui fui eu!!

deixe-me explicar...
nao costumo classificar livros,mas eu tenho a total consciencia que ha livros e livros. aqueles que
preenchem parcialmente o tempo e outros que sao um pouco mais profundos do que uma descriçao de Gucci,Nova York e sua alta sociedade...rsrs

Laila disse...

Uau!! Um comentário da Dora!
Estou me sentindo mega VIP.
rsrsrsrsrsrs
Moço do Zaratustra, o Nietzsche está corrigido, obrigada! (alemão é muito além dos meus limites)

Antônia Burke disse...

Laila, a metáfora é muito boa!E como a maioria já disse, tem que ter o equilíbrio. Norah Jones não faz mal a ninguém, mas não conseguir citar três obras do Machado..hummm...enfim, de qualquer forma não adianta querer obrigar ninguém a gostar de clássicos, o máximo que se consegue é um "nossa, é muito chato!" que nos deixa mais tristes ainda!

Thiago Dalleck disse...

Gostei muito da metáfora e também concordo em ter o equilíbrio, assim como no cinema, em que muitos julgam pejorativamente as super produções. O importante é ler e adquirir o máximo de conhecimento possível.

Ahh, achei legal também a receita de redação do post anterior =D

Fael disse...

Dalleck, discordarei um pouquinho de vc num ponto, eu não acho que certos filmes possa acrescentar algo, em termos de conhecimento.

Por isso eu acho que este tal de equilíbrio que se deve alcançar nem é pelo fato do conteúdo do filme ou livro (equilibrar os conteúdos, isto é, hoje é miojo amanhã é macarronada e assim nossa dieta tá equilibrada); mas é mais devido ao estômago mesmo (tem estômago que não consegue comer macarronada todo dia).

Agora, se tem estômago e disposição de preparar uma macarronada todo dia, creio que a professora de redação citada tem toda razão, não se permita ficar comendo besteira dia nenhum.

Obs: eu não tenho estômago e nem disposição para comer macarronada todo dia, por isso fico nessa de "equilíbrio" aí.

Anônimo disse...

Sempre tive exatamente esse pensamento. Um "elogio sobre a loucura" de um lado e um "harry potter" em seguida..Até escrevi algo sobre isso.. Um dia fiz um curso de contadores de história, e a palestrante dizia que não conseguiríamos conquistar leitores apenas pela riqueza de conteúdo, mas temos que atrair pela vontade de 'se aventurar' também, pelo despertar de emoções, pela identificação... agoora, o que não pode também é 'entupirmos' as crianças com batata frita da mc donalds e esquecermos de que mais tarde aquela sopa reforçada estará na mesa, para que ela cresça forte e saudável :D

Sua professora arrasou com a metáfora! E vc mais ainda com sua conclusão :) amei.. vou passar aqui muuuuuito mais vezesss
beijos

Unknown disse...

esta metafora é boa (por mais q eu nao a use, igual a dora)!!!
Nao posso deixar de notar q realmente há livros que quando acabamos de ler nos deixa pensando na historia e há aqueles q queremos esquecer o mais rapido possivel... (foi assim com um livro q li uma vez "A Marca de Uma Lagrima")mas gosto eh gosto e eu adoro uma macarronada nos dois sentidos da palavra! ;)

vai q a tua
dingle bells people ou
laila